'Esquadrão Suicida' manda mal e falha em zoar filmes de heróis;

04/08/2016 14:21

 

 

Era de se esperar que "Esquadrão Suicida", filme que reúne um time de vilões nem tão famosos assim da DC, fosse caótico. A ideia afinal é mostrar esse grupo de personagens mentalmente instáveis e de moral questionável aceitando o trabalho dos super-heróis por um dia para tentar passar menos tempo na cadeia. E isso está lá, seja quando a produção berra nas cenas de ação ou exagera em seus momentos catastróficos.

O que não dava para esperar é que o caos atingisse com tanta força essa seleção de assassinos, psicopatas e outros membros da ala da prisão perpétua, bagunçando o desenvolvimento dos personagens a ponto de eles não conseguirem ser... malvados. O Batman de Ben Affleck é mais perverso que a equipe de "bad guys" da DC. Acho que eles... mandaram mal.

Mas e o Coringa? Bom, o tão prometido ás de copas de "Esquadrão Suicida" pode ser considerado no máximo uma participação especial. A versão "clubber gangsta" de um dos maiores vilões da cultura pop mundial aparece por cerca de 15 minutos (em uma estimativa otimista!) das 2 horas e 3 minutos de projeção.

São 10 cenas no máximo, e em nenhuma delas o Coringa de Jared Leto ("Clube de compras Dallas") contracena com outra grande figura além da Arlequina. Em suas rápidas aparições (geralmente em flashbacks), o joker!... o palhaço!... não é nem membro do esquadrão, nem adversário do time. Ele funciona como interesse romântico (e injustificado) da Arlequina. E assim como os outros personagens do filme, não fica claro se a ideia de Ayer era costurar as motivações de Harley Quinn ou explorar sua dependência doentia do palhaço do crime. Em ambos os casos, falta bastante leite Ninho.

Com total falta de nuance e ritmo, "Esquadrão Suicida" é um filme que falha tanto em ser uma zoeira no gênero de heróis, como também uma aposta ácida da DC – para divertir e/ou chocar – na falta de escrúpulos de algumas das suas criações. Não há evidências em cena de que esses caras sejam tão malvados quanto o que está escrito no gibi, sendo que o próprio filme censura alguns dos momentos que poderiam ser mais polarizantes. O fator cômico poderia ser um poderoso aliado para chutar o balde, mas a autoconsciência acaba falando mais alto.

Se o sucesso de "Deadpool" foi o que motivou as refilmagens de "Esquadrão", não vai dar não. O novo filme da DC está bem distante do desprendimento e da segurança vistos no filme da Fox. Mas tem uma boa notícia. Perto de "Esquadrão Suicida", "Batman vs. Superman: A origem da justiça" virou obra-prima.

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